Empreender com amigos pode ser inspirador — e é uma realidade comum no mercado de seguros. Seja na fundação de uma corretora ou na união para explorar novos nichos, a afinidade pessoal muitas vezes dá origem a parcerias profissionais promissoras. Mas para que a amizade não seja colocada em risco no ambiente de negócios, o ponto de partida precisa ser claro: profissionalismo e contrato.
Uma pesquisa da Photoroom revelou que 88% dos entrevistados acreditam que seu melhor amigo seria um ótimo parceiro de negócios. Já 74% afirmaram que já conversaram com amigos sobre abrir uma empresa juntos. Entre os principais benefícios citados estão a confiança (61%) e a visão de mundo compartilhada (52%). Mas os desafios também aparecem: 46% veem os conflitos como o maior obstáculo e muitos admitem dificuldades para lidar com finanças em dupla.

Segundo o advogado João Victor Duarte Salgado, do escritório Celso Candido de Souza Advogados, mesmo quando há afinidade fora do ambiente de trabalho, é fundamental deixar a amizade do lado de fora da empresa. “Quando estamos a tratar de empresa, o profissionalismo deve ser regra e, ainda que amigos, eles devem se ver como sócios”, alerta.
Salgado destaca que a formalização por meio de um contrato social e de um acordo de sócios é essencial não apenas para estabelecer direitos e deveres, mas também para preservar a amizade. E isso não vale apenas para sociedades em fase inicial: mesmo empresas já em funcionamento podem — e devem — oficializar as regras do jogo.
Entre os pontos que não podem faltar em um bom contrato estão:
- definição clara das funções e responsabilidades de cada sócio,
- regras para distribuição de lucros,
- critérios para novos investimentos,
- e, quando aplicável, a possibilidade de aumento de capital.
“Esses são apenas alguns dos temas possíveis. O contrato deve refletir a realidade e os objetivos da empresa, blindando a sociedade de desgastes desnecessários”, afirma o especialista.
Para corretores de seguros, que lidam diariamente com gestão de riscos e planejamento, essa orientação deve estar ainda mais presente. Afinal, uma sociedade mal definida pode afetar a performance comercial, prejudicar a relação com seguradoras e clientes, e até inviabilizar o crescimento da corretora.
No fim das contas, o que se busca é o equilíbrio: manter a amizade preservada e o negócio em pleno funcionamento. Como diz Salgado, “quando os integrantes deixam de se ver como amigos e passam a se ver apenas como sócios, a sociedade caminha para a quebra”.
Nesta semana na qual temos o Dia do Amigo (20 de julho), vale a reflexão: parceria boa é aquela que tem confiança, propósito — e contrato assinado.