Estudo global da Deloitte traz lições valiosas para corretores brasileiros
A edição 2025 do estudo global da Deloitte sobre o setor de seguros revela um mercado em transformação acelerada. O documento aponta que seguradoras e corretores precisarão rever suas estratégias, modelos operacionais e canais de distribuição para enfrentar riscos mais imprevisíveis, consumidores mais exigentes e um ambiente regulatório em constante evolução.
Para o corretor de seguros, o estudo funciona como um guia para adaptar sua atuação ao novo contexto, identificando oportunidades concretas em um mercado que cresce em complexidade, mas também em relevância.
Os principais aprendizados para o corretor brasileiro
1. A era dos riscos complexos e conectados
Eventos climáticos extremos, tensões geopolíticas e riscos cibernéticos aumentaram a volatilidade e colocaram pressão sobre os resultados das seguradoras. Em 2023, as perdas globais com catástrofes naturais somaram US$ 357 bilhões, sendo que apenas 35% estavam seguradas.
Esse déficit de proteção representa um mercado inexplorado que o corretor pode ocupar com produtos bem segmentados e consultoria ativa. A conscientização sobre subseguro e novos formatos de apólices (como seguros paramétricos e de uso) será fundamental.
2. IA generativa e dados alternativos mudam tudo
Três em cada quatro seguradoras nos EUA já utilizam IA generativa em ao menos uma função. O uso de dados alternativos, como comportamento de consumo, apps de mobilidade e integração com wearables, está remodelando a precificação e a subscrição.
Corretores que souberem traduzir essa nova lógica em linguagem simples para o cliente sairão na frente. O uso de ferramentas preditivas e o apoio em plataformas automatizadas podem aumentar a conversão e melhorar o atendimento.
3. Seguro embutido é a nova fronteira da distribuição
O modelo de seguro embutido (“embedded insurance”) deve movimentar mais de US$ 700 bilhões até 2030. Ele permite que o seguro seja oferecido junto à compra de um imóvel, carro ou serviço, dentro do ecossistema do parceiro comercial.
Isso exige que o corretor atue mais como um integrador de soluções, criando parcerias com varejistas, imobiliárias e plataformas digitais. O novo papel é ser um consultor de proteção embutida, e não apenas um vendedor tradicional.
4. Modernização operacional é questão de sobrevivência
A falta de eficiência em sistemas legados pode impedir o crescimento. O estudo aponta que muitas seguradoras estão redesenhando processos, investindo em APIs, automação de sinistros e integração com marketplaces.
O corretor também precisa rever sua estrutura: usar CRM, automatizar propostas, investir em autoatendimento e otimizar sua presença digital. A experiência do cliente está cada vez mais ligada à velocidade e simplicidade.
5. Capital humano e cultura digital são essenciais
Um dos maiores gargalos é a escassez de talentos com visão digital. O estudo reforça a importância de preparar equipes para usar ferramentas de IA, analisar dados e lidar com o novo consumidor.
O corretor precisa se atualizar continuamente, estimular sua equipe a aprender, e adotar uma cultura mais orientada à experimentação, à empatia e à resolução de problemas.
O futuro do seguro não é apenas mais digital: é mais humano, mais integrado e mais ágil. O estudo da Deloitte mostra que quem continuar preso a modelos analógicos corre o risco de ficar irrelevante. Mas para os corretores dispostos a evoluir, o cenário é promissor: há uma demanda crescente por proteção, e o papel consultivo do corretor nunca foi tão valioso. |
